terça-feira, 26 de julho de 2011

Inclusão Escolar

 Oficina apresentada pela Professora Rosangela Mendes


Inclusão Escolar 


         A partir do século XX a escola passou a vivenciar uma nova realidade, pois a escola foi universalizada e tornou-se aberta e obrigatória a todos. Foi a massificação do ensino. A educação popular foi crescendo rapidamente e as instituições, despreparadas, viram-se num piscar de olhos, diante de uma quantidade imensa de alunos a quem deveriam atender.
       Até então, a escola sempre cuidou de todos alunos como se cuidasse de um só. Trabalhava-se com o aluno padrão, atendia-se o aluno “médio”, o aluno “normal” e diante da avalanche de novos pretendes à “cultura”, começou a apresentar um complicador: as diferenças e a quantidade dos diferentes – que na verdade já existiam, e, mesmo assim, continuaram a ser ignorados.
     Várias tentativas foram adotadas para fazer frente ao problema. Algumas escolas se organizaram, separando os melhores dos piores, em turmas homogêneas. Outras separaram aos alunos dentro das próprias classes, outras deixaram a separação acontecer naturalmente. Enquanto atendiam preferencialmente aos alunos mais adiantados, que podiam se apropriar de todo o conteúdo ficava os mais fracos condenados à humilhação, segregados, excluídos dentro da classe, irremediavelmente, por não atenderem aos requisitos exigidos pela instituição de ensino, pelo plano de trabalho da série, engrossando, assim, a fileira dos repetentes, dos desistentes, dos evadidos, dos marginalizados.
     A escola tateia em busca de soluções pára os problemas, que não são poucos e que permeiam toda a atividade dentro de uma instituição de ensino. A idéia de que a diferença, a diversidade não existe.
     A sociedade convive com a diferença que é encarada com normalidade. Convive-se com a diferença de estatura, de peso, de cor, de sexo, de opção sexual, de condição social, de ocupação, de religião, etc. : todos somos diferentes. Entretanto a diferença não deixa de ser um aspecto grandemente positivo. A diferença alegra, sugere, incita conquistas e à construção de algo diferente, possivelmente melhor ou melhorado. E na escola, como é tratada a questão da diferença em relação às necessidades especiais?
TÓPICOS A SER CONSIDERADOS
  • Depende de atitudes positivas frente à inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino regular.
  • O professor precisa ser ajudado a refletir sobre sua prática para que compreenda suas crenças em relação ao processo e se torne um pesquisador de sua ação.
  • A idéia de inclusão social “se baseia em princípios, tais como: a aceitação das diferenças individuais como um atributo e não como um obstáculo, a valorização da diversidade humana pela sua importância para o enriquecimento de todas as pessoas, o direito de pertencer e não ficar de fora”.
  • O apoio, que emerge então como primeira medida propriamente pedagógica, expressa ao menos uma tomada de consciência fundamental: percebe-se que, em última instância, a luta contra a desigualdade deve ser levada ao nível do próprio ensino.
  • Numa abordagem geral, um dos objetivos da educação inclusiva é que os alunos aprendam a conviver em grupos, e que os profissionais da educação valorizem suas contribuições, respeitando suas características e limitações. Os estudantes com necessidades especiais, quando inseridos na Educação Regular, desenvolvem, da mesma forma, a apreciação pela diversidade individual, passando a adquirir experiências diretas e relativas.
  • Uma escola que reconhece e valoriza as diferenças presentes em suas salas de aula, tem que se preocupar em trabalhar com os conteúdos, de modo que possam ser aprendidos de acordo com a capacidade de cada um. Isso não significa que os professores têm de ensinar individualmente ou adaptar currículos para este ou aquele aluno, pois, afinal, a escola não ensina um por um, mas coletivamente.
  • O aluno com dificuldades de aprendizagem tem sua oportunidade de aprender, quando o professor acata o modo pelo qual ele aborda e responde às atividades que lhe são propostas. É uma questão de observação!
  • Crianças e adolescentes estão em pleno desenvolvimento biológico, psicológico e social, o que significa dizer que são vulneráveis e receptivos se assim forem estimulados. Carregam em si potenciais construtivos e destrutivos, reparadores, criativos que podem ser estimulados ou reprimidos pela cultura, através das relações que estabelecem, com as normas, limites e valores éticos que a sociedade estabelece, e preciso que todo o professores de rede regular de ensino se prepare para receber estes indivíduos com necessidades especiais e assim abrir os caminhos para diminuir as diferenças dentro e fora de sala de aula.
  • Evoluímos muito em tecnologia, mas temos muito a aprimorar se quisermos evoluir neste processo que é qualidade das relações entre pessoas com necessidades especiais e suas diferenças, limitações, e de forma mais específica, as adaptações em relação ao aluno.
ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
a) partir da ideia de que “todos os alunos podem aprender”, valorizando as potencialidades de aprendizagem de cada um;
b) reafirmar que a aprendizagem é um processo individual, ocorrendo de maneira ativa em cada pessoa, de tal maneira que é o aluno que controla o seu processo de aprendizagem, sempre partindo do que sabe e influenciado por sua história pessoal e social;
c) desenvolver a autoestima como uma das condições de aprendizagem, uma vez que o sentimento de pertencer a um grupo social, sentindo-se útil e valorizado, possibilita o agir e o crescer com o outro;
d) estimular a autonomia dos alunos mediante a construção de sua aprendizagem;
e) avaliar permanentemente as aprendizagens;
f) avaliar o progresso de cada aluno segundo seu ritmo, do ponto de vista da evolução de suas competências ao resolver problemas de toda ordem e na participação da vida social;
g) desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas de ensino mútuo, pois toda pedagogia diferenciada exige cooperação ativa dos alunos e dos seus pais, diminuindo a discriminação entre eles;
h) envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho, despertando o desejo de aprender e propondo tarefas cognitivas de maneira lúdica e interessante, a partir das quais deveria ser desenvolvido no educando a capacidade de auto-avaliação;
i) inserir-se no universo cultural dos alunos.
          Resumindo, pode-se dizer que o professor deve valorizar a diversidade como aspecto importante no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, deve ser capaz de construir estratégias de ensino, bem como adaptar atividades e conteúdos, não só em relação aos alunos considerados especiais, mas para a prática educativa como um todo, diminuindo, assim, a segregação, a evasão e o fracasso escolar.
         Concluímos com a frase de Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo. As pessoas se educam entre si mediatizadas pelo mundo.”

Referenciais:
Valle e Guedes - Rev. bras. educ. espec. vol.14 no.1 Marília Jan./Apr. 2008
Antonio Efro Feltrin - Inclusão na Escola

Paulo Freire - Pedagogia da Diversidade
Philippe Perrenoud - Escola e Cidadania: o papel da escola na formação para a democracia. (trad. Fátima Murad). Porto Alegre: Artmed, 2005.


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